Necessidades léxicas de universitários brasileiros aprendizes de espanhol : levantamento, descrição e análise
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Esta tese é fruto de uma pesquisa de descrição e de análise linguísticas, filiada teoricamente à Linguística Contrastiva. O objetivo da investigação foi levantar, descrever e analisar os desvios léxico-semânticos na interlíngua oral de universitários brasileiros estudantes de espanhol com o intuito de evidenciarmos os recursos utilizados por esses aprendizes para suprirem suas necessidades léxicas. Tomamos como ponto de partida o trabalho de Durão (1998a), que procedeu à análise da interlíngua a partir da produção escrita de estudantes universitários brasileiros aprendizes de espanhol. Tendo em vista os desvios léxico-semânticos analisados nesse estudo, assim como o viés teórico-metodológico usado por essa pesquisadora, neste trabalho procuramos responder à seguinte pergunta de pesquisa: se em textos escritos, os usos incorretos de falsos amigos, a transferência linguística e os casos de fronteira servem como recurso para suprir necessidades léxicas de aprendizes brasileiros de espanhol, acontece o mesmo no caso das produções orais? Para tanto, assumimos que a aprendizagem do léxico da língua espanhola por estudantes brasileiros se processa de forma particular, diferentemente da aprendizagem de estudantes de espanhol que falam outras línguas maternas, posto que a proximidade da estrutura linguística do par de línguas português-espanhol propicia uma preponderância do uso da estratégia da transferência de itens lexicais sobre outras estratégias de aprendizagem. Propusemos quatro hipóteses sobre os dados analisados: 1) os recursos obedecem a propriedades estruturais intrínsecas às duas línguas envolvidas no processo de aprendizagem (neste caso, o português como língua materna e o espanhol como língua objeto de estudo)?; 2) há recursos específicos para o desenvolvimento da interlíngua que são utilizados por aprendizes de línguas, como a transferência linguística, a supergeneralização, a hipercorreção e os erros intralinguísticos?; 3) o uso de determinados recursos pelos aprendizes relaciona-se com as características socioculturais inerentes a brasileiros estudantes de espanhol, como a tendência ao uso do “portunhol” e a disposição de usar o idioma sem o receio de cometer erros, como se intuitivamente conhecessem o idioma espanhol?; 4) os recursos utilizados por aprendizes de línguas são característicos dos estágios de conhecimento nos quais se encontram no tocante à sua interlíngua oral, não sendo, portanto, aleatórios? Para a testagem dessas quatro hipóteses, definimos o perfil dos informantes que forneceram amostras de interlíngua oral por meio de procedimentos metodológicos de coleta da Sociolinguística, entretanto, os dados foram analisados seguindo rigorosamente o paradigma teórico da Linguística Contrastiva e, mais especificamente, os preceitos do modelo de Análise de Erros. A partir da transcrição das conversações que originaram o corpus de interlíngua oral, levantamos, descrevemos e analisamos os desvios léxico-semânticos relativos a unidades léxicas monoverbais (falsos amigos) e unidades léxicas pluriverbais (expressões idiomáticas e colocações). Como resultado, identificamos um número significativo de desvios léxico-semânticos, tanto em unidades léxicas monoverbais quanto em unidades léxicas pluriverbais. Esses desvios léxico-semânticos, em sua maioria, são explicados à luz da transferência léxica, a qual, segundo prevíamos, é o recurso mais utilizado por brasileiros aprendizes de espanhol na sua interlíngua oral.
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